sábado, 30 de agosto de 2008

O TEMOR DO SENHOR.

Dt 6.1-2 “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados.”

Um mandamento freqüente ao povo de Deus do AT é “temer a Deus” ou “temer ao Senhor”. É importante que saibamos o que esse mandamento significa para nós como crentes. Somente à medida que verdadeiramente temermos ao Senhor é que seremos libertos da escravidão de todas as formas de temores anormais e satânicas.
O SIGNIFICADO DO TEMOR DE DEUS.
O mandamento geral de “temer ao Senhor” inclui uma variedade de aspectos do relacionamento entre o crente e Deus. (1) É fundamental, no temor a Deus, reconhecer a sua santidade, justiça e retidão como complemento do seu amor e misericórdia, i.e., conhecê-lo e compreender plenamente quem Ele é (cf. Pv 2.5). Esse temor baseia-se no reconhecimento que Deus é um Deus santo, cuja natureza inerente o leva a condenar o pecado. (2) Temer ao Senhor é considerá-lo com santo temor e reverência e honrá-lo como Deus, por causa da sua excelsa glória, santidade, majestade e poder (ver Fp 2.12 nota). Quando, por exemplo, os israelitas no monte Sinai viram Deus manifestar-se através de “trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte” o povo inteiro “estremeceu” (Êx 19.16) e implorou a Moisés que este falasse, ao invés de Deus (Êx 20.18,19; Dt 5.22-27). Além disso, o salmista, na sua reflexão a respeito do Criador, declara explicitamente: “Tema toda a terra ao SENHOR; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu” (Sl 33.8,9). (3) O verdadeiro temor de Deus leva o crente a crer e confiar exclusivamente nEle para a salvação. Por exemplo: depois que os israelitas atravessaram o mar Vermelho como em terra seca e viram a extrema destruição do exército egípcio, “temeu o povo ao SENHOR e creu no SENHOR” (ver Êx 14.31 nota). Semelhantemente, o salmista conclama a todos os que temem ao Senhor: “confiai no SENHOR; ele é vosso auxílio e vosso escudo” (Sl 115.11). Noutras palavras, o temor ao Senhor produz no povo de Deus esperança e confiança nEle. Não é de admirar, pois, que tais pessoas se salvem (Sl 85.9) e desfrutem do amor perdoador de Deus, e da sua misericórdia (Lc 1.50; cf. Sl 103.11; 130.4). (4) Finalmente, temer a Deus significa reconhecer que Ele é um Deus que se ira contra o pecado e que tem poder para castigar a quem transgride suas justas leis, tanto no tempo como na eternidade (cf. Sl 76.7,8). Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden, tiveram medo e procuraram esconder-se da presença de Deus (Gn 3.8-10). Moisés experimentou esse aspecto do temor de Deus quando passou quarenta dias e quarenta noites em oração, intercedendo pelos israelitas transgressores: “temi por causa da ira e do furor com que o SENHOR tanto estava irado contra vós, para vos destruir” (9.19).
RAZÕES PARA TERMOS TEMOR DE DEUS.

As razões para temer o Senhor vêm do significado do temor do Senhor. (1) Devemos temê-lo por causa do seu grande poder como o Criador de todas as coisas e de todas as pessoas (Sl 33.6-9; 96.4-5; Jo 1.9). (2) Além disso, o poder inspirador de santo temor que Ele exerce sobre os elementos da criação e sobre nós é motivo de temê-lo (Êx 20.18-20; Ec 3.14; Jn 1.11-16; Mc 4.39-41). (3) Quando nós nos apercebemos da santidade do nosso Deus, i.e., sua separação do pecado, e sua aversão constante a ele, a resposta normal do espírito humano é temê-lo (Ap 15.4). (4) Todos quantos contemplarem o esplendor da glória de Deus não podem deixar de experimentar reverente temor (Mt 17.1-8). (5) As bênçãos contínuas que recebemos da parte de Deus, especialmente o perdão dos nossos pecados (Sl 130.4), devem nos levar a temê-lo e a amá-lo (1Sm 12.24; Sl 34.9; 67.7; Jr 5.24; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA. (6) É indubitável que o fato de Deus ser um Deus de justiça, que julgará a totalidade da raça humana, gera o temor a Ele (17.12-13; Is 59.18,19; Ml 3.5; Hb 10.26-31). É uma verdade solene e santa que Deus constantemente observa e avalia as nossas ações, tanto as boas quanto as más, e que seremos responsabilizados por essas ações, tanto agora como no dia do nosso julgamento individual.

CONOTAÇÕES PESSOAIS LIGADAS AO TEMOR DE DEUS.

O temor de Deus é muito mais do que uma doutrina bíblica; ele é diretamente aplicável à nossa vida diária, de numerosas maneiras. (1) Primeiramente, se realmente tememos ao Senhor, temos uma vida de obediência aos seus mandamentos e damos sempre um “não” estridente ao pecado. Uma das razões por que Deus inspirou temor nos israelitas no monte Sinai foi para que aprendessem a desviar-se do pecado e a obedecer à sua lei (Êx 20.20). Repetidas vezes no seu discurso final aos israelitas, Moisés mostrou o relacionamento entre o temor ao Senhor e o serviço e a obediência a Ele (e.g., 5.29; 6.2, 24; 10.12; 13.4; 17.19; 31.12). Segundo os salmistas, temer ao Senhor equivale a deleitar-se nos seus mandamentos (Sl 112.1) e seguir os seus preceitos (Sl 119.63). Salomão ensinou que “pelo temor do SENHOR, os homens se desviam do mal” (Pv 16.6; cf. 8.13). Em Eclesiastes, o dever inteiro da raça humana resume-se em dois breves imperativos: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos” (Ec 12.13). Inversamente, aquele que se contenta em viver na iniqüidade, assim faz porque “não há temor de Deus perante os seus olhos” (Sl 36.1-4). (2) Um corolário importante da conotação supra é que o crente deve ensinar seus filhos a temer ao Senhor, levando-os a abominar o pecado e a guardar os santos mandamentos de Deus (4.10; 6.1-2, 6-9). A Bíblia declara freqüentemente que “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; cf. Jó 28.28; Pv 1.7; 9.10). Visto que um alvo básico na educação dos nossos filhos é que vivam segundo os princípios da sabedoria estabelecidos por Deus (Pv 1.1-6), ensinar esses filhos a temerem ao Senhor é um primeiro passo decisivo (ver o estudo PAIS E FILHOS. (3) O temor de Deus tem um efeito santificante sobre o povo de Deus. Assim como há um efeito santificante na verdade da Palavra de Deus (Jo 17.17), assim também há um efeito santificante no temor a Deus. Esse temor inspira-nos a evitar o pecado e desviar-nos do mal (Pv 3.7; 8.13; 16.6). Ele nos leva a ser cuidadosos e comedidos no que falamos (Pv 10.19; Ec 5.2,6,7). Ele nos protege do colapso da nossa consciência, bem como a nossa firmeza moral. O temor do Senhor é puro e purificador (Sl 19.9); é santo e libertador no seu efeito. (4) O temor do Senhor motiva o povo de Deus a adorá-lo de todo o seu ser. Se realmente tememos a Deus, nós o adoramos e o glorificamos como o Senhor de tudo (Sl 22.23). Davi equipara a congregação dos que adoram a Deus com “os que o temem” (Sl 22.25). Igualmente, no final da história, quando um anjo na esfera celestial proclama o evangelho eterno e conclama a todos na terra a temerem a Deus, acrescenta prontamente: “e dai-lhe glória... E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.6,7). (5) Deus promete que recompensará a todos que o temem. “O galardão da humildade e o temor do SENHOR são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22.4). Outras recompensas prometidas são a proteção da morte (Pv 14.26,27), provisões para nossas necessidades diárias (Sl 34.9; 111.5), e uma vida longa (Pv 10.27). Aqueles que temem ao Senhor sabem que “bem sucede aos que temem a Deus”, não importando o que aconteça no mundo ao redor (Ec 8.12,13). (6) Finalmente, o temor ao Senhor confere segurança e consolo espiritual indizíveis para o povo de Deus. O NT vincula diretamente o temor de Deus ao conforto do Espírito Santo (At 9.31). Por um lado, quem não teme ao Senhor não tem qualquer consciência da sua presença, graça e proteção (ver 1.26 nota); por outro lado, os que temem a Deus e guardam os mandamentos dEle têm experiência profunda de proteção espiritual na sua vida, e da unção do Espírito Santo. Têm certeza de que Deus vai “livrar a sua alma da morte” (Sl 33.18,19; ver os estudos A MORTE e A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO.

sábado, 23 de agosto de 2008

A RESSURREIÇÃO DO CORPO.

1Co 15.35 “Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?”

A ressurreição do corpo é uma doutrina fundamental das Escrituras. Refere-se ao ato de Deus, de ressuscitar dentre os mortos o corpo do salvo e reuni-lo à sua alma e espírito, dos quais esse corpo esteve separado entre a morte e a ressurreição.(1) A Bíblia revela pelo menos três razões por que a ressurreição do corpo é necessária. (a) O corpo é parte essencial da total personalidade do homem; o ser humano é incompleto sem o corpo. Por conseguinte, a redenção que Cristo oferece abrange a pessoa total, inclusive o corpo (Rm 8.18-25). (b) O corpo é o templo do Espírito Santo (6.19); na ressurreição, ele voltará a ser templo do Espírito. (c) Para desfazer o resultado do pecado em todas as áreas, o derradeiro inimigo do homem (a morte do corpo) deve ser aniquilado pela ressurreição (15.26).(2) Tanto as Escrituras do AT (cf. Hb 11.17-19 com Gn 22.1-4; Sl 16.10 com At 2.24ss; Jó 19.25-27; Is 26.19; Dn 12.2; Os 13.14), como as Escrituras do NT (Lc 14.13,14; 20.35,36; Jo 5.21,28,29; 6.39,40,44,54; Co 15.22,23; Fp 3.11; 1Ts 4.14-16; Ap 20.4-6,13) ensinam a ressurreição futura do corpo. (3) Nossa ressurreição corporal está garantida pela ressurreição de Cristo (ver Mt 28.6 nota; At 17.31; 1Co 15.12,20-23). (4) Em termos gerais, o corpo ressurreto do crente será semelhante ao corpo ressurreto de Nosso Senhor (Rm 8.29; 1Co 15.20,42-44,49; Fp 3.20,21; 1Jo 3.2). Mais especificamente, o corpo ressurreto será: (a) um corpo que terá continuidade e identidade com o corpo atual e que, portanto, será reconhecível (Lc 16.19-31); (b) um corpo transformado em corpo celestial, apropriado para o novo céu e a nova terra (15.42-44,47,48; Ap 21.1); (c) um corpo imperecível, não sujeito à deterioração e à morte (15.42); (d) um corpo glorificado, como o de Cristo (15.43; Fp 3.20,21); (e) um corpo poderoso, não sujeito às enfermidades, nem à fraqueza (15.43); (f) um corpo espiritual (i.e., não natural, mas sobrenatural), não limitado pelas leis da natureza (Lc 24.31; Jo 20.19; 1Co 15.44); (g) um corpo capaz de comer e beber (Lc 14.15; 22.16-18,30; 24.43; At 10.41). (5) Quando os crentes receberem seu novo corpo se revestirão da imortalidade (15.53). As Escrituras indicam pelo menos três propósitos nisso: (a) para que os crentes venham a ser tudo quanto Deus pretendeu para o ser humano, quando o criou (cf. 2.9); (b) para que os crentes venham a conhecer a Deus de modo completo, conforme Ele quer que eles o conheçam (Jo 17.3); (c) a fim de que Deus expresse o seu amor aos seus filhos, conforme Ele deseja (Jo 3.16; Ef 2.7; 1Jo 4.8-16). (6) Os fiéis que estiverem vivos na volta de Cristo, para buscar os seus, experimentarão a mesma transformação dos que morrerem em Cristo antes do dia da ressurreição deles (15.51-54). Receberão novos corpos, idênticos aos dos ressurretos nesse momento da volta de Cristo. Nunca mais experimentarão a morte física (ver o estudo O ARREBATAMENTO DA IGREJA). (7) Jesus fala de uma ressurreição da vida, para o crente, e de uma ressurreição de juízo, para o ímpio (Jo 5.28,29).

A MENSAGEM DE CRISTO ÀS SETE IGREJAS.

Ap 1.19,20 “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer: O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.”

A mensagem de Cristo a sete igrejas locais existentes no oeste da Ásia Menor (ver 1.4 nota) é também para instrução, advertência e edificação dos crentes e igrejas da presente era (cf. 2.7,11,17,19; 3.6,13,22). O valor dessas mensagens para as igrejas de hoje vê-se nos pontos a seguir: (1) é uma revelação do que Jesus ama e anela ver nas igrejas locais, mas também aquilo que Ele repele e condena; (2) uma declaração clara da parte de Cristo, no tocante (a) às conseqüências da desobediência e descuido espiritual, e (b) a recompensa da vigilância espiritual e fidelidade a Cristo; (3) um padrão pelo qual toda igreja ou indivíduo pode julgar sua verdadeira condição espiritual diante de Deus; e (4) um exemplo dos métodos de Satanás para atacar a igreja ou o cristão individualmente (ver também Jz 3.7 nota). Este estudo aborda cada um desses aspectos sob a forma de perguntas e respostas. (1) O que é que Cristo aprova? Cristo aprova a igreja que não tolera o ímpio no seu meio, como parte dela (2.3); que averigua a vida, doutrina e declarações dos líderes cristãos (2.2); que persevera na fé, no amor, no testemunho, no serviço e no sofrimento da causa de Cristo (2.3, 10, 13, 19, 26); que abomina aquilo que Deus abomina (2.6); que vence o pecado, Satanás e o mundo (2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21); que não aceita conformar-se com a imoralidade do mundo nem com o mundanismo na igreja (2.24; 3.4); e que guarda a Palavra de Deus (3.8, 10). (2) Como Cristo recompensa as igrejas que perseveram e permanecem leais a Ele e à sua Palavra? Ele recompensa tais igrejas (a) livrando-as do período da tribulação que virá sobre o mundo inteiro (3.10), (b) concedendo-lhes seu amor, presença e estreita comunhão (3.4, 21), e (c) abençoando-as com a vida eterna (2.10b). (3) O que é que Cristo reprova? Cristo reprova a igreja que diminui sua profunda devoção pessoal a Deus (2.4); que se desvia da fé bíblica; que tolera dirigentes, mestres ou leigos imorais (2.14,15, 20); que se torna espiritualmente morta (3.1) ou morna (3.15,16); e que substitui a verdadeira espiritualidade, i.e., a pureza, a retidão e a sabedoria espiritual (3.18) por sucesso e recursos materiais (3.17). (4) Como Cristo castiga as igrejas (cf. 3.19) que entram em declínio espiritual e que toleram a imoralidade no seu meio? Ele as castiga mediante (a) a não renovação do seu lugar no reino de Deus (2.5; 3.16), (b) a perda da presença de Deus, do poder genuíno do Espírito Santo, da verdadeira mensagem bíblica de salvação e da proteção dos seus membros contra a destruição por Satanás (2.5,16; 3.15-19; ver Mt 13, notas a respeito do bem e do mal dentro do reino dos céus durante esta era) e (c) seus líderes postos sob juízo divino (2.20-23). (5) O que a mensagem de Cristo revela concernente à tendência natural das igrejas à estagnação espiritual, declínio e apostasia? (a) As sete cartas sugerem que a tendência das igrejas é acomodar-se no erro, aceitar falsos ensinos e adaptar-se aos princípios anticristãos prevalecentes no mundo (ver Gl 5.17 nota). (b) Além disso, observa-se que freqüentemente homens e mulheres apóstatas, vis e infiéis estragam as igrejas (2.2,14,15,20). Por essa razão, o progresso espiritual de uma igreja nunca deve ser evocado como prova de que ela está dentro da vontade de Deus, nem para se afirmar que anda na verdade e na doutrina do Senhor. O evangelho, i.e., a mensagem original de Cristo e dos apóstolos, é a autoridade suprema para avaliar o certo ou o errado nesse campo.(6) Como podem as igrejas evitar a decadência espiritual e o conseqüente julgamento por Cristo? Estas cartas revelam várias maneiras. (a) Primeira e mais importante: todas as igrejas devem estar dispostas a “ouvir o que o Espírito diz às igrejas” (2.7). A Palavra de Jesus Cristo sempre deve ser o guia da igreja (1.1-3, 11), pois esta Palavra, conforme revelada aos apóstolos do NT mediante o Espírito Santo, é o padrão segundo o qual as igrejas devem verificar suas crenças e atividades e renovar a sua vida espiritual (2.7, 11, 17, 29; 3.6,13, 22). (b) As igrejas devem continuamente examinar seu estado espiritual diante de Deus e, se for o caso, corrigir seu erro de tolerância ao mundanismo e imoralidade entre os crentes (2.4, 14, 15, 20; 3.1,2,14-18). (c) A frieza espiritual poderá ser extinguida em qualquer igreja ou grupo de

O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO.

Ap 1.19,20 “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer: O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.”

A mensagem de Cristo a sete igrejas locais existentes no oeste da Ásia Menor (ver 1.4 nota) é também para instrução, advertência e edificação dos crentes e igrejas da presente era (cf. 2.7,11,17,19; 3.6,13,22). O valor dessas mensagens para as igrejas de hoje vê-se nos pontos a seguir: (1) é uma revelação do que Jesus ama e anela ver nas igrejas locais, mas também aquilo que Ele repele e condena; (2) uma declaração clara da parte de Cristo, no tocante (a) às conseqüências da desobediência e descuido espiritual, e (b) a recompensa da vigilância espiritual e fidelidade a Cristo; (3) um padrão pelo qual toda igreja ou indivíduo pode julgar sua verdadeira condição espiritual diante de Deus; e (4) um exemplo dos métodos de Satanás para atacar a igreja ou o cristão individualmente (ver também Jz 3.7 nota). Este estudo aborda cada um desses aspectos sob a forma de perguntas e respostas. (1) O que é que Cristo aprova? Cristo aprova a igreja que não tolera o ímpio no seu meio, como parte dela (2.3); que averigua a vida, doutrina e declarações dos líderes cristãos (2.2); que persevera na fé, no amor, no testemunho, no serviço e no sofrimento da causa de Cristo (2.3, 10, 13, 19, 26); que abomina aquilo que Deus abomina (2.6); que vence o pecado, Satanás e o mundo (2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21); que não aceita conformar-se com a imoralidade do mundo nem com o mundanismo na igreja (2.24; 3.4); e que guarda a Palavra de Deus (3.8, 10). (2) Como Cristo recompensa as igrejas que perseveram e permanecem leais a Ele e à sua Palavra? Ele recompensa tais igrejas (a) livrando-as do período da tribulação que virá sobre o mundo inteiro (3.10), (b) concedendo-lhes seu amor, presença e estreita comunhão (3.4, 21), e (c) abençoando-as com a vida eterna (2.10b). (3) O que é que Cristo reprova? Cristo reprova a igreja que diminui sua profunda devoção pessoal a Deus (2.4); que se desvia da fé bíblica; que tolera dirigentes, mestres ou leigos imorais (2.14,15, 20); que se torna espiritualmente morta (3.1) ou morna (3.15,16); e que substitui a verdadeira espiritualidade, i.e., a pureza, a retidão e a sabedoria espiritual (3.18) por sucesso e recursos materiais (3.17). (4) Como Cristo castiga as igrejas (cf. 3.19) que entram em declínio espiritual e que toleram a imoralidade no seu meio? Ele as castiga mediante (a) a não renovação do seu lugar no reino de Deus (2.5; 3.16), (b) a perda da presença de Deus, do poder genuíno do Espírito Santo, da verdadeira mensagem bíblica de salvação e da proteção dos seus membros contra a destruição por Satanás (2.5,16; 3.15-19; ver Mt 13, notas a respeito do bem e do mal dentro do reino dos céus durante esta era) e (c) seus líderes postos sob juízo divino (2.20-23). (5) O que a mensagem de Cristo revela concernente à tendência natural das igrejas à estagnação espiritual, declínio e apostasia? (a) As sete cartas sugerem que a tendência das igrejas é acomodar-se no erro, aceitar falsos ensinos e adaptar-se aos princípios anticristãos prevalecentes no mundo (ver Gl 5.17 nota). (b) Além disso, observa-se que freqüentemente homens e mulheres apóstatas, vis e infiéis estragam as igrejas (2.2,14,15,20). Por essa razão, o progresso espiritual de uma igreja nunca deve ser evocado como prova de que ela está dentro da vontade de Deus, nem para se afirmar que anda na verdade e na doutrina do Senhor. O evangelho, i.e., a mensagem original de Cristo e dos apóstolos, é a autoridade suprema para avaliar o certo ou o errado nesse campo.(6) Como podem as igrejas evitar a decadência espiritual e o conseqüente julgamento por Cristo? Estas cartas revelam várias maneiras. (a) Primeira e mais importante: todas as igrejas devem estar dispostas a “ouvir o que o Espírito diz às igrejas” (2.7). A Palavra de Jesus Cristo sempre deve ser o guia da igreja (1.1-3, 11), pois esta Palavra, conforme revelada aos apóstolos do NT mediante o Espírito Santo, é o padrão segundo o qual as igrejas devem verificar suas crenças e atividades e renovar a sua vida espiritual (2.7, 11, 17, 29; 3.6,13, 22). (b) As igrejas devem continuamente examinar seu estado espiritual diante de Deus e, se for o caso, corrigir seu erro de tolerância ao mundanismo e imoralidade entre os crentes (2.4, 14, 15, 20; 3.1,2,14-18). (c) A frieza espiritual poderá ser extinguida em qualquer igreja ou grupo de crentes, quando houver arrependimento sincero do pecado e um retorno decidido ao primeiro amor, à verdade, pureza e poder da revelação bíblica de Jesus Cristo (2.5-7,16,17; 3.1-3,15-22).

OS ANJOS, E O ANJO DO SENHOR.

Jz 2.1 “E subiu o Anjo do SENHOR de GilGal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado, e disse: Nunca invalidarei o meu concerto convosco.”

A Bíblia menciona freqüentemente os anjos; o presente estudo provê uma noção geral do ensino bíblico a respeito dos anjos.

ANJOS. A palavra “anjo” (hb. malak; gr. angelos) significa “mensageiro”. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13,14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16). (1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12 17; 2Pe 2.4; Jd 1.6; Ap 12.9; ver Mt 4.10 nota) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial (ver o estudo PODER SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS. (2) A Bíblia fala numa vasta hoste de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9-10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 1.9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: “anjo principal”, Jd 9; 1 Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11).(3) Como seres espirituais, os anjos bons louvam a Deus (Hb 1.6; Ap 5.11; 7.11), cumprem a sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20), vêem a sua face (Mt 18.10), estão em submissão a Cristo (1Pe 3.22), são superiores aos seres humanos (Hb 2.6,7) e habitam no céu (Mc 13.32; Gl 1.8). Não se casam (Mt 22.30), nunca morrerão (Lc 20.34-36) e não devem ser adorados (Cl 2.18; Ap 19.9,10). Podem aparecer em forma humana (geralmente como moços, sem asas, cf. Gn 18.2,16; 19.1; Hb 13.2). (4) Os anjos executam numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2). Seus deveres relacionam-se principalmente com a obra redentora de Cristo (Mt 1.20-24; 2.13; 28.2; Lc 1—2; At 1.10; Ap 14.6,7). Regozijam-se por um só pecador que se arrepende (Lc 15.10), servem em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22; Mt 18.10; Hb 1.14), observam o comportamento da congregação dos cristãos (1Co 11.10; Ef 3.10; 1Tm 5.21), são portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17; At 10.1-8; 27.23-24), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4); às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticos (Dn 7.15-16); fortalecem o povo de Deus nas provações (Mt 4.11; Lc 22.43), protegem os santos que temem a Deus e se afastam do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10), castigam os inimigos de Deus (2Rs 19.35; At 12.23; Ap 14.17—16.21), lutam contra as forças demoníacas (Ap 12.7-9) e conduzem os salvos ao céu (Lc 16.22). (5) Durante os eventos dos tempos do fim, a guerra se intensificará entre Miguel, com os anjos bons, e Satanás, com suas hostes demoníacas (Ap 12.7-9). Anjos acompanharão a Cristo quando Ele voltar (Mt 24.30-31) e estarão presentes no julgamento da raça humana (Lc 12.8,9).

O ANJO DO SENHOR.

É mister fazer menção especial ao “Anjo do SENHOR” (às vezes, “o Anjo de Deus”), um anjo incomparável que aparece no AT e no NT. (1) Seu primeiro aparecimento foi a Agar, no deserto (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram pessoas como Abraão (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do SENHOR é mais provavelmente o Anjo do SENHOR), Gideão (Jz 6.11), Davi (1Cr 21.16), Elias (2Rs 1.3-4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.13). (2) O Anjo do SENHOR realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, em geral. Às vezes, simplesmente trazia mensagens do Senhor ao seu povo (Gn 22.15-18; 31.11-13; Mt 1.20). Noutras ocasiões, Deus enviava o seu anjo para suprir as necessidades dos seus (1Rs 19.5-7), para protegê-los do perigo (Êx 14.19; 23.20; Dn 6.22) e, ocasionalmente, destruir os seus inimigos (Êx 23.23; 2Rs 19.34,35; Is 63.9). Quando o próprio povo de Deus rebelava-se e pecava grandemente, este anjo podia ser usado para destruí-lo (2Sm 24.16,17). (3) A identidade do anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele freqüentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos: (a) em 2.1, o anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco (o grifo dos pronomes foi acrescentado). Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1,2). (b) Quando o anjo do Senhor apareceu a Josué, este prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8-9). (c) Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6; ver Gn 16.7 nota; Êx 3.2 nota). (4) Porque o anjo do Senhor está tão estreitamente identificado com o próprio Senhor, e porque ele apareceu em forma humana, alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.
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O CONCERTO DE DEUS COM DAVI.

2Sm 7.16 “...a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre”.

A NATUREZA DO CONCERTO COM DAVI.

(1) Embora a palavra “concerto” não ocorra literalmente em 2Sm 7, é evidente que Deus estava estabelecendo um concerto com Davi. Em Sl 89.3,4, por exemplo, Deus diz: “Fiz um concerto com o meu escolhido; jurei ao meu servo Davi: a tua descendência estabelecerei para sempre e edificarei o teu trono de geração em geração” (ver também Sl 89.34-36). A promessa de que o trono do povo de Deus seria estabelecido para sempre através da descendência de Davi é exatamente a mesma que Deus fez a Davi em 2Sm 7 (note-se especialmente no v. 14). Além disso, posteriormente em 2Samuel, o próprio Davi faz referência ao “concerto eterno” que Deus fez com ele (2Sm 23.5), sem dúvida aludindo a 2Sm 7. (2) Os mesmos dois princípios que operam noutros concertos do AT também estão em evidência aqui: apenas Deus estabelecia as promessas e os deveres do seu concerto e esperava que do lado humano houvesse o aceite com fé obediente (ver os estudos O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ e O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS.. (a) Nesse concerto de Deus com Davi, Ele fez uma promessa de cumprimento imediato, que era estabelecer o reino do filho de Davi, Salomão, o qual edificaria uma casa para o Senhor, i.e., o templo (2Sm 7.11-13). (b) Ao mesmo tempo, a promessa de Deus de que a casa ou dinastia de Davi duraria para sempre sobre os israelitas estava condicionada à fiel obediência de Davi e dos seus descendentes. Noutras palavras, esse concerto era eterno somente no sentido de Deus ter sempre um descendente de Davi no trono em Jerusalém, desde que os governantes de Judá permanecessem em obediência e fidelidade a Ele. (3) Durante os quatro séculos seguintes, a linhagem de Davi permaneceu ininterrupta no trono de Judá. Quando, porém, os reis de Judá, especialmente Manassés e aqueles que reinaram depois do rei Josias, rebelaram-se continuamente contra Deus ao adorarem ídolos e desobedecerem à sua lei, Deus, por fim, os impediu de ocuparem o trono. Permitiu que o rei Nabucodonosor de Babilônia invadisse a terra de Judá, sitiasse a cidade de Jerusalém e, finalmente, destruísse a cidade juntamente com seu templo (2Rs 25; 2Cr 36). Agora, o povo de Deus estava, pela primeira vez desde a escravidão no Egito, sob o domínio de governantes estrangeiros.

JESUS CRISTO EM RELAÇÃO A ESTE CONCERTO. Havia porém, um aspecto do concerto de Deus com Davi que era incondicional — que o reino de Davi seria por fim estabelecido para sempre. (1) A culminância da promessa de Deus era que da linhagem de Davi viria um descendente que seria o Rei messiânico e eterno. Este Rei dominaria sobre os fiéis em Israel e sobre todas as nações (cf. Is 9.6,7; 11.1, 10; Mq 5.2,4). Sairia da cidade de Belém (Mq 5.2,4), e seu governo se estenderia até os confins da terra (Zc 9.10). Ele seria chamado: “O SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23.5,6) e consumaria a redenção do pecado (Zc 13.1). O cumprimento da promessa davídica teve início com o nascimento de Jesus Cristo, anunciado pelo anjo Gabriel a Maria, uma piedosa descendente da família de Davi (Lc 1.30-33; cf. At 2.29-35). (2) Essa promessa foi um desdobramento do concerto feito em Gn 3.15, que predisse a derrota de Satanás através de um descendente de Eva (Gn 3.15 nota); foi um prosseguimento do concerto feito com Abraão e seus descendentes (ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ,). (3) O cumprimento dessa promessa abrangia a ressurreição de Cristo dentre os mortos e sua exaltação à destra de Deus no céu (At 2.29-33), de onde Ele agora governa como Rei dos reis e Senhor dos senhores. A primeira missão de Cristo como o Senhor exaltado foi o derramamento do Espírito Santo sobre o seu povo (At 1.8; 2.4, 33). (4) O régio governo de Cristo caracteriza-se por um chamamento, dirigido a todas as pessoas, no sentido de largarem o pecado e o mundo perverso, aceitarem Cristo como Senhor e Salvador e receberem o Espírito Santo (At 2.32-40). (5) O reino eterno de Cristo inclui: (a) seu atual domínio sobre o reino de Deus e sua primazia sobre a igreja, (b) seu futuro reino milenial sobre as nações (Ap 2.26,27; 20.4) e (c) seu reino eterno nos novos céus e na nova terra (Ap 21 — 22).

CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO.

2RS 5.14 “Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.”

Um dos ensinos fundamentais do NT é que Jesus Cristo (o Messias) é o cumprimento do AT. O livro de Hebreus mostra que Cristo é o herdeiro de tudo o que Deus falou através dos profetas (Hb 1.1,2). O próprio Jesus asseverou que viera para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17). Após a sua gloriosa ressurreição, Ele demonstrou aos seus seguidores, tendo por base a lei de Moisés, os profetas e os salmos, i.e., as três principais divisões do AT (hebraico) que Deus predissera, há muito tempo, tudo quanto lhe havia sucedido (Lc 24.25-27,44-46). Para melhor compreendermos as profecias do AT a respeito de Jesus Cristo, precisamos ver algo da tipologia bíblica.

PRINCÍPIOS DE TIPOLOGIA. O estudo cuidadoso do AT revela elementos chamados tipos, (do grego typos) que têm seu cumprimento na vinda do Messias (que é o antitipo); noutras palavras, há uma correspondência entre certas pessoas, eventos, ou coisas do AT e Jesus Cristo no NT. Note-se dois princípios básicos concernentes a essa forma de profecia e seu cumprimento: (1) Para um trecho do AT prenunciar a Cristo, é preciso sempre analisar o referido trecho como um acontecimento na história divina da redenção, i.e., devemos primeiramente analisar o trecho do AT sob o aspecto histórico, e então ver de que modo ele prenuncia a vinda de Jesus Cristo como o Messias prometido. (2) É preciso reconhecer que o cumprimento messiânico de um trecho do AT está geralmente num plano espiritual mais elevado do que o evento registrado no AT. Na realidade, os personagens de determinado acontecimento bíblico por certo não perceberam que o que estavam vivenciando era um prenúncio profético sobre o Filho de Deus que um dia viria aqui. Por exemplo, Davi sem dúvida não percebeu que, ao escrever o Salmo 22, seu sofrimento era uma forma de profecia do sofrimento de Cristo na cruz. Nem os judeus expatriados e chorosos que passavam pelo túmulo de Raquel em Ramá (Jr 31.15) sabiam que um dia o seu pranto teria cumprimento profético na morte de todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém (Mt 2.18). Quase sempre, só à luz do NT é que percebe-se que um trecho do AT é uma profecia a respeito de nosso Senhor.

CATEGORIAS DE TIPOS PROFÉTICOS. Há pelo menos quatro formas pelas quais o AT prenuncia e profetiza a vinda de Cristo para o NT: (1) Textos específicos do AT citados no NT. Certos trechos do AT são manifestamente profecias sobre Cristo, porque o NT os cita como tais. Por exemplo, Mateus cita Is 7.14 para comprovar que o AT profetizava aí o nascimento virginal de Cristo (Mt 1.23), e Mq 5.2 para comprovar que Jesus devia nascer em Belém (Mt 2.6). Marcos observa aos seus leitores (Mc 1.2,3) que a vinda de João Batista como precursor de Cristo fora profetizada tanto por Isaías (Is 40.3), quanto por Malaquias (Ml 3.1). Zacarias predisse a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém no domingo que precede a Páscoa (Zc 9.9; cf. Mt 21.1-5; Jo 12.14,15). A experiência de Davi, descrita no Sl 22.18, prenuncia os soldados ao derredor da cruz, dividindo entre si as vestes de Jesus (Jo 19.23,24), e sua declaração no Sl 16.8-11 é interpretada como uma clara predição da ressurreição de Jesus (At 2.25-32; 13.35-37). O livro de Hebreus afirma que Melquisedeque (cf. Gn 14.18-20; Sl 110.4) é um tipo de Cristo, nosso eterno Sumo Sacerdote. Muitos outros exemplos poderiam ser citados. (2) Alusões a passagens do AT pelos escritores do NT. Outra forma de revelação de Cristo no AT consiste em passos do NT que, mesmo sem citação direta, referem-se a pessoas, eventos, ou objetos do AT prefigurando profeticamente a Cristo. Por exemplo, no primeiro de todos os textos proféticos da Bíblia (Gn 3.15), Deus promete que enviará o descendente da mulher para ferir a cabeça da serpente. Certamente, Paulo tinha em mente esse trecho quando declarou que Cristo nasceu de mulher para redimir os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5; cf. Rm 16.20). João, igualmente, declara que o Filho de Deus veio “para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8). A referência de João Batista a Jesus como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,36), recua a Lv 16 e Is 53.7. A referência de Paulo a Jesus como “nossa páscoa” (1Co 5.7) revela que o sacrifício do cordeiro pascal profetizava a morte de Cristo em nosso favor (Êx 12.1-14). O próprio Jesus declarou que o ato de Moisés, ao levantar a serpente no deserto (Nm 21.4-9) era uma profecia a respeito dEle, quando pendurado na cruz. E quando João diz que Jesus, o Verbo de Deus, participou da criação de todas as coisas (Jo 1.1-3), não podemos deixar de pensar em Sl 33.6: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus” (cf. Hb 1.3,10-12). Essas são apenas algumas das alusões no NT a passos do AT referentes a Cristo. (3) Pessoas, eventos, ou objetos do AT que apontam para a redenção. O êxodo de Israel do Egito, que em todo o AT é visto como o maior evento redentor do antigo concerto, prefigura Cristo e a redenção que Ele efetuou no novo concerto. Alguns tipos do livro de Êxodo que prenunciam Cristo e sua obra
redentora são: Moisés, a Páscoa, a travessia do mar Vermelho, o maná, a água que brotou
da rocha, o Tabernáculo com seus pertences e o sumo sacerdote. (4) Eventos do AT que prefiguram o modo de Deus lidar com o crente em Cristo. Muitos fatos do AT constituem uma das formas de Deus lidar com seu povo, tendo seu real cumprimento em Jesus Cristo. Note os seguintes exemplos: (a) Abraão teve de esperar com paciência por quase vinte e cinco anos até Deus sarar a madre de Sara e lhes dar Isaque. Abraão nada poderia fazer para apressar o nascimento do filho prometido por Deus. Fato idêntico cumpriu-se no NT, quando Deus enviou seu próprio Filho como Salvador do mundo, ao chegar a plenitude dos tempos (Gl 4.4); o ser humano nada podia fazer para apressar esse momento. Nossa salvação é obra única e exclusiva de Deus (cf. Jo 3.16), e jamais pelo esforço humano. (b) Antes dos israelitas serem libertos do Egito pelo poder gracioso de Deus, em aflição eles clamavam por socorro contra seus inimigos (Êx 2.23,24; 3.7). Temos aí um indício profético do plano divino da nossa redenção em Cristo. O pecador, antes do seu livramento pela graça de Deus, do jugo do pecado e dos inimigos espirituais, precisa clamar arrependido e recorrer à graça salvífica de Deus (cf. At 2.37,38; 16.29-32; 17.30,31). Todos aqueles que invocarem o nome do Senhor serão salvos. (c) Quando Naamã, o siro, buscou a cura da sua lepra, recorrendo ao Deus de Israel, recebeu a ordem de lavar-se sete vezes no rio Jordão. Essa ordem inicialmente provocou ira nele, o qual a seguir, humilhou-se e submeteu-se ao banho no Jordão, para ser curado (2Rs 5.1-14). No fato de a graça salvífica de Deus transpor os limites da nação de Israel, temos uma antevisão de Jesus e o novo concerto (cf. Lc 4.27; At 22.21; Rm 15.8-12), e também do fato que, para recebermos a salvação, precisamos renunciar ao orgulho, humilhar-nos diante de Deus (cf. Tg 4.10; 1Pe 5.6) e receber a purificação pelo sangue de Jesus (cf. At 22.16; 1Co 6.11; Tt 3.5; 1Jo 1.7,9; Ap 1.5). Em resumo: O AT narra histórias de pessoas piedosas que nos servem de modelo e exemplo (cf. 1Co 10.1-13; Hb 11; Tg 5.16-18), mas ele vai além disso; ele (o AT) “nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados” (Gl 3.24).

A ORAÇÃO EFICAZ.

1Rs 18.42b-45 “Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou por terra, e meteu o seu rosto entre os seus joelhos. E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. E sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel”.

A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de palavras como “oração” e “orar”, essa atividade é descrita como invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do Senhor (Gn 4.26), clamar ao Senhor (Sl 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1), buscar ao Senhor (Is 55.6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hb 4.16) e chegar perto de Deus (Hb 10.22). MOTIVOS PARA A ORAÇÃO. A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar. (1) Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O mandamento para orarmos vem através dos salmistas (1Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.(2) A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Quando os apóstolos se reuniram após serem libertos da prisão pelas autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes conceder ousadia e autoridade divina para falarem a palavra dEle. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). O apóstolo Paulo freqüentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Rm 15.30-32; 2Co 1.11; Ef 6.18, 20; Fp 1.19; Cl 4.3,4; ver o estudo A INTERCESSÃO). Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à “oração da fé” (Tg 5.14,15).(3) Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração intercessória dos crentes (ver Êx 33.11 nota). Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para evangelizar. Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é liberado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos, poderemos até mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente. REQUISITOS DA ORAÇÃO EFICAZ. Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.(1) Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira. Jesus declarou abertamente: “Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11.24). Ao pai de um menino endemoninhado, Ele falou assim: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg 1.6; cf. 5.15).(2) Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio ao dizer: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14.13,14). Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver Jo 14.13 nota).(3) A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14; ver o estudo A VONTADE DE DEUS).Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10; Lc 11.2; note a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26.42). Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia. Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24). (4) Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e sua justiça (ver Mt 6.33 nota). O apóstolo João declara que “qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (1Jo 3.22 nota). Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias indispensáveis para termos resposta às orações. Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus tal qual o profeta Elias (Tg 5.16-18; Sl 34.13,14). O AT acentua este mesmo ensino. Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senhor e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33.17 nota). Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Sl 66.18; ver Tg 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1.15). Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2Cr 7.14; cf. 6.36-39; Lc 18.14). Note que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26.33 nota; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO). (5) Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes. É essa a lição principal da parábola da viúva importuna (Lc 18.1-7; ver 18.1 nota). A instrução de Jesus: “Pedi... buscai... batei”, ensina a perseverança na oração (ver Mt 7.7,8 nota). O apóstolo Paulo também nos exorta à perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1Ts 5.17 nota). Os santos do AT também reconheciam esse princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17.11 nota). Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva começar a cair (18.41-45). Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Sarepta, até que sua oração foi atendida (17.17-23). PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA ORAÇÃO EFICAZ. (1) Quais são os princípios da oração eficaz? (a) Para orarmos com eficácia, devemos louvar e adorar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2.47; Rm 15.11; ver o estudo O LOUVOR A DEUS. (b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Sl 100.4; Mt 11.25,26; Fp 4.6). (c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé (Tg 5.15,16; Sl 51; Lc 18.13; 1Jo 1.9). (d) Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixamos de receber as coisas de que precisamos, ou porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tg 4.2,3; Sl 27.7-12; Mt 7.7-11; Fp 4.6). (e) Devemos orar de coração pelos outros, especialmente oração intercessória (Nm 14.13-19; Sl 122.6-9; Lc 22.31,32; 23.34; ver o estudo A INTERCESSÃO). (2) Como devemos orar? Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mt 6.7). Podemos orar em silêncio (1Sm 1.13) ou em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13). Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando palavras diretas das Escrituras. Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do Espírito (i.e., em línguas, 1Co 14.14-18). Podemos até mesmo orar através de gemidos, i.e., sem usar qualquer palavra humana (Rm 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos inaudíveis. Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16). A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Ed 8.21; Ne 1.4; Dn 9.3,4; Lc 2.37; At 14.23; ver Mt 6.16 nota).(3) Qual a posição apropriada, do corpo, na oração? A Bíblia menciona pessoas orando em pé (8.22; Ne 9.4,5), sentadas (1Cr 17.16; Lc 10.13), ajoelhadas (Ed 9.5; Dn 6.10; At 20.36), acamadas (Sl 63.6), curvadas até o chão (Êx 34.8; Sl 95.6), prostradas no chão (2Sm 12.16; Mt 26.39) e de mãos levantadas aos céus (Sl 28.2; Is 1.15; 1Tm 2.8).

EXEMPLOS DE ORAÇÃO EFICAZ. A Bíblia está cheia de exemplos de orações que foram poderosas e eficazes. (1) Moisés fez numerosas orações intercessórias às quais Deus atendeu, mesmo depois de Ele dizer a Moisés que ia proceder de outra maneira (ver o estudo A INTERCESSÃO. (2) Sansão, arrependido, orou pedindo uma última oportunidade de cumprir sua missão máxima de derrotar os filisteus; Deus atendeu essa oração ao lhe dar forças suficientes para derrubar as colunas do prédio onde os inimigos estavam exaltando o poder dos seus deuses (Jz 16.21-30). (3) Deus respondeu às orações de Elias em pelo menos quatro grandes ocasiões; em todas elas redundaram em glória ao Deus de Israel (17-18; Tg 5.17,18). (4) O rei Ezequias adoeceu e Isaías lhe declarou que morreria (2Rs 20.1; Is 38.1). Ezequias, reconhecendo que sua vida e obra estavam incompletas, virou o rosto para a parede e orou intensamente a Deus para que prolongasse sua vida. Deus mandou Isaías retornar a Ezequias para garantir a cura e mais quinze anos de vida (2Rs 20.2-6; Is 38.2-6). (5) Não há dúvida de que Daniel orou ao Senhor na cova dos leões, pedindo para não ser devorado por eles, e Deus atendeu o seu pedido (Dn 6.10,16-22).(6) Os cristãos primitivos oraram incessantemente a Deus pela libertação de Pedro da prisão, e Deus enviou um anjo para libertá-lo (At 12.3-11; cf. 12.5 nota). Tais exemplos devem fortalecer a nossa fé e encher-nos de disposição para orarmos de modo eficaz, segundo os princípios delineados na Bíblia.

O DIA DA EXPIAÇÃO.

Lv 16.32,33 “E o sacerdote... fará a expiação... expiará o santo santuário; também expiará a tenda da congregação e o altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.”

A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO. A palavra “expiação” (heb. kippurim, derivado de kaphar, que significa “cobrir”) comunica a idéia de cobrir o pecado mediante um “resgate”, de modo que haja uma reparação ou restituição adequada pelo delito cometido (note o princípio do “resgate” em Êx 30.12; Nm 35.31; Sl 49.7; Is 43.3). (1) A necessidade da expiação surgiu do fato que os pecados de Israel (16.30), caso não fossem expiados, sujeitariam os israelitas à ira de Deus (cf. Rm 1.18; Cl 3.6; 1Ts 2.16). Por conseguinte, o propósito do Dia da Expiação era prover um sacrifício de amplitude ilimitada, por todos os pecados que porventura não tivessem sido expiados pelos sacrifícios oferecidos no decurso do ano que findava. Dessa maneira, o povo seria purificado dos seus pecados do ano precedente, afastaria a ira de Deus contra ele e manteria a sua comunhão com Deus (16.30-34; Hb 9.7). (2) Porque Deus desejava salvar os israelitas, perdoar os seus pecados e reconciliá-los consigo mesmo, Ele proveu um meio de salvação ao aceitar a morte de um animal inocente em lugar deles (i.e., o animal que era sacrificado); esse animal levava sobre si a culpa e a penalidade deles (17.11; cf. Is 53.4,6,11) e cobria seus pecados com seu sangue derramado.

A CERIMÔNIA DO DIA DA EXPIAÇÃO.

Levíticos 16 descreve o Dia da Expiação, o dia santo mais importante do ano judaico. Nesse dia, o sumo sacerdote, vestia as vestes sagradas, e de início preparava-se mediante um banho cerimonial com água. Em seguida, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele tinha de oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. A seguir, tomava dois bodes e, sobre eles, lançava sortes: um tornava-se o bode do sacrifício, e o outro tornava-se o bode expiatório (16.8). Sacrificava o primeiro bode, levava seu sangue, entrava no Lugar Santíssimo, para além do véu, e aspergia aquele sangue sobre o propiciatório, o qual cobria a arca contendo a lei divina que fora violada pelos israelitas, mas que agora estava coberta pelo sangue, e assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira (16.15,16). Como etapa final, o sacerdote tomava o bode vivo, impunha as mãos sobre a sua cabeça, confessava sobre ele todos os pecados dos israelitas e o enviava ao deserto, simbolizando isto que os pecados deles eram levados para fora do arraial para serem aniquilados no deserto (16.21, 22). (1) O Dia da Expiação era uma assembléia solene; um dia em que o povo jejuava e se humilhava diante do Senhor (16.31). Esta contrição de Israel salientava a gravidade do pecado e o fato de que a obra divina da expiação era eficaz somente para aqueles de coração arrependido e com fé perseverante (cf. 23.27; Nm 15.30; 29.7). (2) O Dia da Expiação levava a efeito a expiação por todos os pecados e transgressões não expiados durante o ano anterior (16.16, 21). Precisava ser repetido cada ano da mesma maneira. CRISTO E O DIA DA EXPIAÇÃO. O Dia da Expiação está repleto de simbolismo que prenuncia a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. No NT, o autor de Hebreus realça o cumprimento, no novo concerto, da tipologia do Dia da Expiação (ver Hb 9.6—10.18; ver o estudo CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO). (1) O fato de que os sacrifícios do AT tinham de ser repetidos anualmente indica que eles eram provisórios. Apontavam para um tempo futuro quando, então, Cristo viria para remover de modo permanente todo o pecado confessado (cf. Hb 9.28; 10.10-18).(2) Os dois bodes representam a expiação, o perdão, a reconciliação e a purificação consumados por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária e sacrificial de Cristo pelos pecadores, como remissão pelos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11, 12, 24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26). (3) Os sacrifícios no Dia da Expiação proviam uma “cobertura” pelo pecado, e não a remoção do pecado. O sangue de Cristo derramado na cruz, no entanto, é a expiação plena e definitiva que Deus oferece à raça humana; expiação esta que remove o pecado de modo permanente (cf. Hb 10.4, 10, 11). Cristo como sacrifício perfeito (Hb 9.26; 10.5-10) pagou a inteira penalidade dos nossos pecados (Rm 3.25,26; 6.23; Gl 3.13; 2Co 5.21) e levou a efeito o sacrifício expiador que afasta a ira de Deus, que nos reconcilia com Ele e que restaura nossa comunhão com Ele (Rm 5.6-11; 2Co 5.18,19; 1Pe 1.18,19; 1Jo 2.2). (4) O Lugar Santíssimo onde o sumo sacerdote entrava com sangue, para fazer expiação, representa o trono de Deus no céu. Cristo entrou nesse “Lugar Santíssimo” após sua morte e, com seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28). (5) Visto que os sacrifícios de animais tipificavam o sacrifício perfeito de Cristo pelo pecado e que se cumpriram no sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de sacrifícios de animais depois da morte de Cristo na cruz (Hb 9.12-18).